(A Suivre) – Miguelangelo Veiga

(A Suivre) – Miguelangelo Veiga

Março / Abril 2011

Sobre o ultimo grupo de trabalhos realizados  entre 2010 e 2011, o processo adoptado resulta da evolução natural dos trabalhos anteriores. (A Suivre) apresenta-se como uma exposição de Pintura no limite do Desenho.

As formas apresentadas nestes trabalhos, sobrepõe-se a um plano de fundo, gerado por uma série de planos sobrepostos, que sugerem uma espécie de “mancha de identidade”. Como numa parede de graffitis, onde cada obra terminada torna-se antiga, e é eliminada por uma camada informal de tinta (geralmente aplicada a rolo), que a apaga e porporciona a criação de um novo trabalho. Assim, a introdução da textura e da cor chega por isso, quase como uma inevitabilidade técnica numa Pintura essencialmente monocromática.

Como refere David Barro, – « O que é que se passa quando uma pintura conhece previamente o seu irremediável destino? Possivelmente esta entrega-se directamente ao seu processo, desvirtuando a natureza e ponto de partida de cada imagem, apagando a partir de camadas de tinta e de peles os logros e imagens geradas no caminho.

Isso é o que sucede com a última pintura de Miguelangelo Veiga. Falamos de uma pintura como resto, que como assinala Ángel González não será tanto o que sobra mas o que falta. Interessa-nos portanto, essa possibilidade de distinguir o que sobra do que falta, a capacidade para ver ou apreender o que desapareceu e o conjunto de erros ou falhas que acontecem no processo. »[1]

A escolha da representação “arquitectónica” define-se pelo facto da arquitectura usar a escala humana de um modo absoluto, assim, a representação do Humano é sempre implícita nestes trabalhos numa espécie de metáfora. Procuro na Pintura, representar o que me interessa e impressiona e neste contexto quando se recorre a imagens de destruição sejam elas provenientes de uma ataque militar ou paramilitar, a catástrofes naturais ou simplesmente ao abandono e à destruição pelo tempo, interessa-me sobretudo elogiar o que resiste e não o que padeceu, ou as razões porque foram destruídas.

[1] BARRO, David, A Pintura Suicida de Miguelangelo Veiga, Museu Nacional de História Natural, 2009, p.1

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