Saturno em Plutão – Luís Silveirinha | António Olaio
A Galeria SETE apresenta a exposição Saturno em Plutão de Luís Silveirinha e António Olaio que terá início no dia 15 de Junho, sábado,
pelas 17h, e prolonga-se até ao dia 31 de Julho de 2019.
ERA ESCURO, JÁ LÁ ESTAVAMOS, MAS NÃO SABIAMOS
“Mas cada ilusão de harmonia nas coisas contingentes é mistificatória, por isso é preciso procurá-la noutros planos. Assim cheguei ao cosmos. Mas o cosmos
não existe, nem para a ciência, é somente o horizonte de uma consciência extraindividual, […]. Nessa subida não tive nunca nem complacente pânico nem
contemplação. Mais sensação de responsabilidade sobre o universo. Somos o elo de uma cadeia que parte em escala subatómica ou pré-galáctica: dar aos nossos gestos,
aos nossos pensamentos, a continuidade do antes de nós e do depois de nós, é uma coisa em que acredito. “[Italo Calvino]
Os desenhos de António Olaio e Luís Silveirinha partilham territórios indeterminados. Não ilustram uma qualquer narrativa. Exprimem colaboração e partilha.
Mais construção e menos representação. As possibilidades destes jogos combinatórios, cuja enunciação se impõe em movimentos figurais de uma escrita
escultórica, são inacabadas e constantemente retomadas.
Desenhos respondem a desenhos, organismos vivos combinam-se e recombinam-se. Não se trata de uma qualquer dimensão surrealista mas, antes, da
potencialidade do fantástico, do desenho como espaço de experimentação e possibilidade de voo. Assumindo uma certa tensão entre forma e espaço, linhas e manchas
cruzam-se e multiplicam-se na superfície, resistem a categorias existentes e convidam-nos a descobrir universos distantes ou escondidos, mapas que sinalizem outros abismos.
Procurando na imprevisibilidade do saber cosmológico o que ainda não foi desenhado, estas imagens desafiam, também, a memória antiga do que há muito pensávamo
s ter perdido: a capacidade de efabular. Transgredir a realidade, evocando corpos celestes e trajectos de planetas que se diluem em massas de luz e de escuridão, constitui
a operação central deste projecto. No fim, é o Sol que se dá a ver.”
Eduarda Neves
“Luís Silveirinha faz um desenho e António Olaio responde com outro. E é ao desenho que responde.
Em comum têm ser de outro mundo que não este, ensaiando a possibilidade de isso ser possível.
Universos paralelos que, assim gerados, têm estrutura compositiva semelhante. Um território encontrado a partir de outro, ensaiando uma vez mais responder à
expectativa de que haja criatividade em arte.
Chegar ao nunca visto como se isso tivesse importância alguma.
Plutão que já foi planeta, deixou de sê-lo, e se vê agora na condição de planeta anão, tem tamanho suficiente para acolher Saturno, pois a sua hospitalidade não tem limites.
O que fica já não é Saturno nem Plutão.
E é nesse universo assim gerado que estes desenhos habitam.”
António Olaio
Veja aqui o catálogo da exposição: https://issuu.com/galeriasete/docs/cat_logo_saturno_em_plut_o_web
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