A Galeria Sete apresenta a exposição “Memórias e paisagens”, uma mostra individual do artista
plástico Ricardo Marcelino que inaugurará a 3 de fevereiro, das 16h às 20h e patente até 9 de março de 2024. A entrada é livre e todos são bem-vindos!
Memórias e Paisagens
Ricardo Marcelino (Lisboa, 1990) regressa às suas memórias de infância, às recordações de si,
da sua família, para inventar (eventualmente nem sempre conscientemente), o mundo fictício
sobre o qual desenvolve o seu trabalho artístico, construído com as ideias da pintura, pois é
pela pintura que ele descobre, compreende, elabora e comunica esse universo que, numa
primeira fase, toma como pessoal, mas que, na verdade, pela condição do revisitar das memórias
e das emoções da infância, está desde logo matizado de ficção, de perceções e de recordações parciais,
até mesmo falsas, próprias da natureza da memória e também da condição infantil a que reportam,
gerando efetivamente uma narrativa aberta para além dos episódios pessoais.
De certo modo, como o próprio artista indicia, a sua vivência com crianças com quem lida e a
quem ensina a brincar e a despertar para a pintura é, talvez, esse extravasar da sua
individualidade que lhe permite pintar imagens de outras crianças como se fosse ele que lá
estivesse enquanto imagina como ele próprio faria, reagiria, brincaria. Tudo isso reforça a
geração do mundo ficcionado a que acede com a pintura e que vai definindo a sua marca autoral.
Diz o artista, numa nota acerca das obras desta exposição:
“Nesta exposição reúnem-se obras de fases distintas, ainda que aproximadas, do meu trabalho.
O mundo visual afigura-se-me táctil, e é no contexto dessa morfologia táctil que as coisas
têm uma certa intensidade e se dão como motivo suficiente para a pintura. Apresento aqui,
pinturas de vários formatos e em vários suportes. Elas são o resultado da minha vivência
com crianças e também da memória da minha própria infância. A primeira parte deve-se
ao facto de lhes dar aulas de desenho e partilhar a minha prática diária de atelier, a minha
maneira de fazer as coisas.
Assim, tenho vindo a avançar no trabalho com dois motivos distintos – Paisagens e assuntos da infância.
A Paisagem é o que vem dar resposta à minha necessidade da totalidade, da natureza e de
outros problemas pictóricos inerentes à própria disciplina da pintura.”
Marcelino trabalha em geral pequenos formatos, íntimos e intimistas como se fosse quase
forçoso manter os seus assuntos de pintura ao alcance do braço/abraço. A paisagem é
talvez a tentativa de tornar os seus temas mais distanciados, menos explicitamente
íntimos para si mesmo…enfim, se tal for possível àquele que procura dentro de si o seu pretexto criativo.
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