[DE]CONSTRUCTIONS – Gil Maia
Maio / Junho 2016
“Todo o meu trabalho tem na sua base a imagem de um palco sem actores, no qual se desenvolvem narrativas diversas provenientes do desdobramento da memória (imaginação) contagiada pelos estímulos contemporâneos e pelas sucessivas reinterpretações da realidade.
[DE]CONSTRUCTIONS inicia uma nova colecção de trabalhos cujo conceito consiste em enfatizar ideia de que construção e desconstrução fazem parte da mesma acção compositiva inerente à plástica, sublinhando a sua complementaridade no acto criativo. Não há temas específicos, há sim a acção de desmontagem dos motivos que me interessam para as diversas encenações, compondo no espaço pictórico uma soma de ilusões.”
Como o próprio artista referiu em anterior momento e que nos parece estar perfeitamente actualizado:
“Tenho vindo a perceber também que é possível detectar um fio condutor ou pontos de contacto ao longo de todo o meu percurso pictórico. Dá-me a ideia de estar a tecer, sem o prever, uma mesma história ou narrativa, que se vai desenvolvendo em espaços interiores e exteriores. Parece haver alguém dentro de mim que entra e sai. Sai para recolher do mundo os objectos com os quais constrói as suas peças teatrais dentro de casa. Em quartos vazios ou quase vazios. Vazios de regras e de leis, vazios de gravidade.”
[…] “Estas constructiones parecem representar as pequenas construções em madeira que na realidade em criança fiz! Ou os espaços de brincadeira entre mobiliários e caixas de cartão, que a memória me faz chegar em imagens fragmentadas e de pouco foco.”
[…] “Não é por acaso que evoluí em novas direcções e descobertas olhando também para os trabalhos anteriores. Percebi que necessitava dessa coerência para dar sentido não a projectos de pintura, mas a um só projecto de pintura com uma dinâmica evolutiva assente num todo que se vai construindo por partes, como os capítulos de um romance.”
Ou seja, na obra de Gil Maia podemos sempre reconhecer o artista que esperávamos – um superior manejador de tintas e de cores – e sermos também surpreendidos por um alargamento do seu léxico pictórico em cada obra, a cada exposição, que ele incessantemente encontra e acrescenta.
Ver catálogo da exposição:
Deixe um comentário