Estruturas – Carlos Barão e Filipe Marques
Maio / Junho 2012
ESTRUTURAS
Sob este título abrigam-se duas exposições individuais de pintura, de Filipe Marques e Carlos Barão. Como
denominador comum encontrado entre ambas, o facto de abordarem conceptualmente a lógica de estruturas enquanto sistemas de organização de ideias ou formas, items interrelacionados, numa evocação mais devedora à linguagem/pensamento em Filipe Marques e mais inspirada na materialidade/fisicalidade, em Carlos Barão.
Carlos Barão (piso -1)
Sobre este trabalhos agora apresentados, diz o seu autor: «… o denomidador comum dos trabalhos é a Memória das Estruturas; ou seja, exploro a ideia de que existe uma informação/memória estrutural, implícita em cada elemento do Universo, que faz com que qualquer estrutura, cuja construção implique combinação de vários elementos, só
obtenha equilíbrio, estética e funcionalidade se obedecer a uma derterminada ordem de construção (quer seja a nível genético, territorial ou na construção de um simples puzzle). A ordem (por oposição ao caos) impõe um plano, um “desenho”, uma estrutura que visa a funcionalidade e reprodutividade (das mais simples ás mais complexas)….»
Filipe Marques (piso 0)
«….As alterações culturais contemporâneas, actualizações das relações sociais ou actualização relacional – que chamamos de cultura – estão em um ritmo acelerado com as novas tecnologias de informação e comunicação. A cibercultura de Pierre Lévy pensa a engenharia do laço social para construir árvores do conhecimento abertas e
democraticamente acessível a todos. Sobre este aspecto tomemos a obra de Filipe Marques quando este se apropria das diferentes ideias dos autores fulcrais para a compreensão do século XX: Ludwing Wittgenstein, Theodor Adorno, Roland Barthes, Michel Foucault, Gilles Deleuze, Jean Baudrillard, Arthur Danto e Jacques Rancière. Autores a cuja estética está associada a escrita, a fala e a ideia de simulacro. Daí o interesse do artista em apropriar-se das imagens recorrentes na Web para trazê-los para seu universo pictórico. Ao recorrer as barras de menu das páginas de pesquisa, o artista retoma a ideia da biblioteca aberta de Gilles Deleuze, alia à cybercultura de Lévy e aos manifestos da pintura moderna, o abstraccionismo e a pop arte como base das suas pesquisas pictóricas. Filipe Marques cria um mosaico do pensamento ocidental nas letras, na filosofia e nas artes visuais. Une o Suprematismo, os Color fields, o
Neoplasticismo, o informalismo e as correntes minimalistas às teorias dos filósofos modernos que deram as chaves da compreensão do novo homem. A relação entre esses dois níveis é antes uma relação de antecipação ou intervenção nas pesquisas visuais de Filipe Marques, assim ele dá a chave para entrar neste espaço do conhecimento. Cabe apenas ao espectador activá-la….
Excerto de texto «Chave para compreender o Século XX», de Paulo Reis (1961-2011), escrito a partir do trabalho de
Filipe Marques, em Lisboa, Maio 2010
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