A Galeria Sete apresenta a exposição “Para um momento aparentemente contínuo”, uma mostra individual do artista plástico Diogo Costa que inaugurará a 30 de novembro, das 16h às 20h e patente até 18 de janeiro de 2025. A entrada é livre e todos são bem-vindos!
No texto da exposição podem ler-se as palavras do próprio autor:
“Seis pinturas em tela povoam o espaço no piso -1 da Galeria Sete. Paisagens naturais, mundos oníricos suspensos das paredes são visitados por um elemento estranho ao entorno.
São espaços imaginados que retratam a natureza de forma expressiva e subjetiva. Camadas de pinceladas gestuais e de escorrimentos líquidos que deixam detritos de cores transparentes, construem e desconstroem superfícies e formas orgânicas a fazer lembrar rochas, rochedos, penhascos, lagos, riachos, arbustos e folhagens em espaços que sugerem florestas e pântanos flamejantes.
Ambientes ficcionais, autênticos portais, até surreais, onde a cor ocupa um papel importante no humor do lugar, ao ser desdobrada em tons e matizes em vezes mais próprios de uma pintura de baixa intensidade lumínica. As manchas que descrevem formas são parcas de uma certa nitidez diurna e encenam uma armadilha ótica e interpretativa que favorece um certo lugar de questionamento e de especulação.
Encontramo-nos no território do sonho onde as composições visuais remetem para um olhar contemplativo, mas onde a pintura parece suster uma temperatura psicológica tensa ao notarmos a relação entre dois espaços: a natureza e uma forma geométrica alienante, também ela um espaço, que faz lembrar um chão, um plano, um palco, uma plataforma e/ou uma parede que esconde.
Da sensação ambígua, por vezes inquietante na forma como estes elementos se relacionam, sentimos uma contradição provocada tanto por aquilo que os distingue como pelo seu contacto ou por aquilo que os aproxima.
A aparente dilatação do tempo e do espaço provocado pelo processo da pintura colide também com a sua compressão, e uma permanente conversa estabelecida entre estes elementos aparentemente adversos emerge das conjunções que advêm da sua representação. Nas cores, nos artifícios que sugerem a ilusão de profundidade, na atmosfera que paira a exuberar uma tensão psicológica que confronta o espectador com a sua própria condição enquanto entidade especulativa.
E vê-se mergulhado nestes mundos, onde ora nos sentimos numa incessante espera, no suspense de que algo está para acontecer, ou então, por outro lado, na posição de se ter chegado inevitavelmente tarde demais a um acontecimento que acabara de passar.”
Diogo Costa