The Tea of Hospitality – Célia Domingues
Março / Abril 2008
“Diz-se que os Àrabes ouviram falar do chá pela primeira vez em 850; os venezianos em 1559; os Ingleses em 1598; os Portugueses em 1600. Ainda segundo a história, os Holandeses trouxeram chá para a Europa, pela primeira vez, à volta de 1610. Isto, apesar de os Portugueses terem chegado à China em 1517 e ao Japão em 1540, onde evidentemente observaram o uso do chá… De onde se deduz que os livros de história nem sempre estão correctos.”
E. V. Phillips, “O livro do Chá, a história, o ritual e a práctica”
Os Portugueses e os Holandeses são na realidade os primeiros a transportarem carregamentos de chá (erva) para portos em França, Holanda e a Costa Báltica em 1610. Só em 1657 chegam pequenas porções de chá a Inglaterra. Contudo foi muito bem recebido.
O chá das cinco, continua a ser uma rotina, seja em espaços públicos ou privados. Hoje, o convívio e a presença feminina em estabelecimentos públicos é permitida. Coisa que não era possível, por volta do séc. XVII, altura em que o chá começa a ser consumido nas Coffee Shops. Aqui só os homens podem entrar, consumir e discutir, criando muitas vezes verdadeiros fóruns de discussão. Onde os clientes teriam a possibilidade de votar na pessoa que achavam ter razão e depositar o voto numa caixa, anonimamente.
Enquanto esta agitação e entusiasmo decorria nas coffee shops as mulheres continuavam no espaço privado, protegidas ou enclausuradas.
O espaço que escolheu para apresentar “The Tea of Hospitality” é um espaço privado, um espaço onde não à agitação (como existia nas coffee shops) mas sim tranquilidade e acolhimento. Contudo esta aparente tranquilidade e acolhimento é questionada pela “presença” de um espaço mental (e pessoal) de uma das pessoas que se encontra nesse chá. Onde o aparente momento perfeito é na realidade o oposto.
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