Adrián Montenegro – 7 de 7
A Galeria Sete completa 18 anos e apresenta “7 de 7”, exposição individual artista Adrián Montenegro, que terá início no dia 7 de outubro, sábado, das 17h às 20h, prolongando-se até 27 de outubro de 2023.
Na exposição “7 de 7”, o artista colombiano Adrián Montenegro apresenta 7 séries de obras de 7 obras cada. 7 como as temáticas que lhe confirmam este número num jogo entre a possibilidade de ter sido a escolha do número que determinou os temas, ou se terão sido os temas a determinar a escolha do número. Um número que tem esta condição de ser número e algarismo.
E cada obra é também simultaneamente número e algarismo. Cada peça tem a sua identidade plástica e poética, mas é também parte de um conjunto que o seu assunto será, se reduzirmos o seu assunto à sua designação: 7 notas musicais, 7 maravilhas do mundo, 7 cores do arco-íris, 7 mares, 7 dias da semana, os 7 anjos do ocidente e 7 pecados mortais, a única série que aparenta quase prescindir da imagem, resultando da ressonância das próprias ideias e do acto de nomear cada peça na sua moldura.
Recorrente no seu trabalho, aqui também a miniatura joga com o paradoxo da esperada expansão poética da obra de arte e da sua relevância, e a ideia de relevância está associada à dimensão e ao valor, literalmente ou não.
Estas peças apresentam-se, assim, mínimas, mas por isso portáteis, expandindo assim as possibilidades do seu campo de ação.
Desde logo, o número 7 é encarado como número da sorte.
Será sobretudo essa condição, provavelmente, o que primeiro nos ocorre se procurarmos a dimensão simbólica do 7, que terá levado Adrián Montenegro a fazer uma peça suplementar à exposição.
Uma peça que vai ser rifada, que virá a pertencer a quem tiver a sorte de ter o número que, tirado à sorte, será o premiado.
Uma pequena escultura, um pequeno monstro, como as coisas grandes que, em diferentes níveis, o artista mostra pequenas, mas afinal sem escala como são as imagens na sua recepção.
E, assim, esta peça pertence ao jogo conceptual da exposição e ao mesmo tempo se autonomiza ao assumir esta dimensão performática.
Um pequeno monstro de sete cabeças.
Um bicho-de-sete-cabeças não será propriamente, nesta forma subtil como Adrián Montenegro faz arte e a dá a ver, em jogos conceptuais sofisticados que aparecem, assim, como se tivessem sido conseguidos sem esforço, effortless, como habitualmente são as coisas mais bonitas.
António Olaio, Coimbra, Outubro de 2023
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