Robert Delaunay foi um importante pintor cubista francês. É o fundador do movimento artístico conhecido como Orfismo (ramo do Cubismo).
Robert Delaunay descobre a pintura graças ao tio que o cria, Charles Damour, um antigo aluno de Fernand Cormon.
A paixão pelo desenho sobrepõe-se aos estudos e o jovem entra, aos dezassete anos, para o atelier de um decorador de teatro. Essa experiência da arte decorativa, do emprego
de tintas puras, da rutura com a perspetiva tradicional, ser-lhe-á posteriormente útil.
Lança-se na pintura, em 1903, e propõe-se explorar todas as correntes derivadas do impressionismo,
de Paul Cézanne a Paul Gauguin. Frequenta o atelier de Henri Rousseau, «o aduaneiro», que o influencia profundamente. Conhece-o em casa da mãe, proprietária da obra La Charmeuse de serpents. Em 1906, conhece, igualmente, Jean Metzinger, que o incita a lançar-se no divisionismo,
tomando por modelo Henri-Edmond Cross, cujas largas pinceladas lembram mosaicos. No ano seguinte, trava conhecimento com Fernand Léger e Guillaume Apollinaire, e começa a expor na galeria de Berthe Weil, ao lado de Metzinger.
Liga-se sentimentalmente a uma pintora ucraniana, Sonia Terk, que se tornará sua mulher. Ao gravitar no meio do Bateau Lavoir e ao frequentar a galeria de Daniel-Henry Kahnweiler, descobre rapidamente as primeiras obras cubistas de Georges Braque e Pablo Picasso.
Delaunay lança-se, então, numa sequência de séries, consagrando diversas pinturas a um mesmo tema, que explora, de um ponto de vista plástico, desintegrando e desarticulando as formas: em Paris, a Igreja de Saint-Séverin, a cidade, a torre da Catedral de Notre-Dame,
a Torre Eiffel vista do terraço do Arco do Triunfo, depois a própria Torre Eiffel, as torres de Laon. Este período «destrutivo» termina com a série Fenêtres [Janelas], em 1912, que coincide com o orfismo. Pintura construída unicamente com base em contrastes de cor (sem valores, sem linhas e sem perspetiva), o orfismo é uma reflexão teórica sobre uma existência plástica autónoma, sem qualquer relação com a realidade. Apollinaire, testemunha dessas pesquisas, falará de uma pintura pura.
Paralelamente a essas explorações pessoais, Delaunay descobre três obras abstratas de Wassily Kandinsky,
no Salon des indépendants, e troca impressões com Paul Klee, que o visita em Paris. Mantendo uma relação epistolar com Kandinsky, participa na exposição do Blaue Reiter, na Moderne Galerie de Heinrich Thannhaüser, em Munique, no final de 1910, onde obtém um grande sucesso. Em 1911, reúne-se com Albert Gleizes, Metzinger, Henri Le Fauconnier e Léger, no quadro do assim designado Groupe de Courbevoie. Agora, no centro da vanguarda, Delaunay é, em Moscovo, convidado do grupo Valet de Carreau, em Berlim do grupo Der Sturm e, em Zurique, do Moderner Bund.
Falando a seu propósito de simultaneísmo, Apollinaire afirma que Delaunay precedeu os futuristas italianos, o que suscitará uma polémica quanto à paternidade da invenção. Em 1913, Robert Delaunay, que pinta formas circulares inspiradas no globo solar e, depois, discos coloridos, chega à abstração.
Quando a guerra é declarada, Sonia e Robert Delaunay refugiam-se em Espanha – bem como em Portugal –,
onde permanecem durante sete anos, cada qual desenvolvendo o seu percurso artístico, em particular no domínio da decoração (participação nos Ballets Russes, no caso de Robert; criação de uma linha de roupa e projetos de decoração, no caso de Sonia.
Regressando a França, em 1921, Delaunay retoma – por razões financeiras – a figuração, pintando naturezas-mortas e mulheres nuas, num estilo mais naturalista.
Após esta fase de hesitação, que chega ao fim em 1930, reencontra as formas abstratas, através de obras como Rythmes sans fin e de trabalhos decorativos. Este período culmina com as suas realizações monumentais para dois pavilhões da Exposição Internacional de 1937, em Paris.
Depois de três anos de doença, Delaunay morre, em 1941, aos cinquenta e seis anos de idade.
Apesar da importância das suas pesquisas a partir de 1912,
Delaunay é menos reconhecido como pioneiro da abstração do que Kandinsky, Kasimir Malevitch e Piet Mondrian. Teóricos ou historiadores da abstração, como Michel Seuphor
e Dora Vallier, experimentam um certo mal-estar devido ao retorno do autor à figuração, entre 1914 e 1930. Mas o percurso de Delaunay até à abstração é, certamente, um dos mais interessantes.