Mário Cesariny

SOBRE:

Mário Cesariny,Lisboa – 1923-2006

Poeta e pintor, a sua formação artística conta com o curso da Escola de Artes Decorativas António Arroio,
estudos na área da música com o compositor Fernando Lopes Graça e a frequência da academia
parisiense La Grande Chaumière. Mário Cesariny é considerado o mais importante poeta do surrealismo português,
tendo exercido grande influência na criação do Grupo Surrealista de Lisboa, em 1947, no mesmo ano em que
se encontrou com André Breton, facto que marcaria o seu trabalho pictórico e literário. A sua personalidade
inquieta e algumas discordâncias ideológicas levariam-no a afastar-se desse grupo e a lançar Os Surrealistas,
escrevendo o Manifesto Abjeccionista, com Pedro Dom. Da obra escrita: poesia, intervenção,
sempre polémica, significativas antologias, para o que é do surrealismo em Portugal e no mundo,
traduções de Rimbaud, Buñuel, Novalis.Dos primeiros anos da década de 40 datam as suas primeiras pinturas,
poemas e desenhos. Após uma breve passagem pelo neo-realismo e de influências de Cesário Verde e do
futurismo de Álvaro Campos, é na corrente surrealista que encontra o seu estilo. No entanto, a pintura de Cesariny
nunca foi citação, nem recitação, dos temas, formas e paisagens que fazem a imagem vulgar e banalizada do surrealismo.
A propósito da sua pintura não faz sentido fazer uma teoria geral. Como a poesia, a pintura de Cesariny é espontânea e subversiva,
marcada por uma dimensão algo mágica e onírica, com predomínio da cor, da desordem ou do caos associados ao automatismo
e ao acaso próprios do surrealismo. O recurso ao “non-sense” e ao absurdo, tão caros às primeiras vanguardas, aparecem na sua
obra pictórica, mas também nos objectos e nas “assemblages”, a par de uma atitude estética de experimentação,
através do uso de métodos menos convencionais (colagens, tintas de água) mas que se traduzem numa
consistente obra plástica. Defensor e impulsionador de um movimento surrealista em Portugal, Cesariny
influenciou diversos artistas portugueses, tendo visto reconhecida a sua contribuição para a arte portuguesa
do século XX com a atribuição do Grande Prémio EDP 2002.

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