Em 1946 participa pela primeira vez numa exposição coletiva, no atelier de João Abel Manta, com Carlos Calvet, Jorge Vieira, Lagoa Henriques, Sena da Silva, Dias Coelho e Sá Nogueira. No ano seguinte estreia-se na EGAP, a II, tornando-se presença constante até à X e última edição, em 1956. com cerca de 63 obras, entre pintura, desenho, gravura, tapeçaria e ilustração, é, no entanto, neste último sector das artes plásticas que mais se evidencia, sobretudo pelas suas admiráveis ilustrações de traço vigoroso, deformante e sugestivo.
Estuda em Faro e Évora, onde é violinista da Orquestra Sinfónica Eborense, antes de ingressar no curso de Arquitetura da ESBAL. Ainda muito jovem inicia os primeiros contactos com o grupo artístico do Café Herminius e com os artistas que participam na IX Missão Estética de Férias (1945), organizada pela Academia Nacional de Belas Artes (Évora), cujo resultado é de grande importância para a afirmação do Neo-Realismo no âmbito das artes plásticas. Lima de Freitas acaba por se aproximar dos vultos maiores do Neo-Realismo estreitando relações de amizade com alguns autores deste movimento, que o levam a desenhar e pintar os retratos de alguns deles ou a ilustrar as suas obras (Aparição, de Vergílio Ferreira, vários poemas de Carlos de Oliveira, Olhos de Água, de Alves Redol), bem como a de outros escritores e poetas ingleses, franceses e dinamarqueses.
Ainda estudante de Belas Artes, é preso por atividades no MUD juvenil, mas nem as circunstâncias em que se encontra o impedem de dar mostras, através de múltiplos e rápidos esboços expressivos, da sua perícia e precisão admiráveis, bem como de uma consciência plástica que se sedimenta e ganha em intensidade e personalidade.
Em 1950 realiza as primeiras exposições individuais, na Sociedade Harmonia (Évora) e na SNBA (Lisboa). Para que seja entendida nos seus movimentos formais e temáticos, a sua extensa e variada obra tem de ser relacionada com a realidade que a suporta.
Marcada por fenómenos sociais e culturais, visíveis sobretudo nos trabalhos da década de 40 e 50, é uma obra que tem o homem por centro, que se inscreve na realidade quotidiana e no tecido histórico, ao mesmo tempo que mergulha nas profundas e obscuras verdades do inconsciente, no mundo da fantasmagoria ou do sonho, mas sempre como tentativa de aproximação à veracidade da condição humana.
Lima de Freitas persiste no desenho em formulários mais estáveis do que na pintura, sem deixar, no entanto, de exprimir nesta uma visão do mundo em muitos casos paralela à da produção gráfica, que vai ao fundo das raízes da vida, procurando um aprofundamento das razões do comportamento humano e um entendimento dos fenómenos do tempo em que se integra.
Os anos que passou no estrangeiro, incluindo uma estadia em Paris (1955-1960), são encarados, por um lado, como o próprio admite, como uma espécie de “estágio” num momento crucial da sua evolução como artista, e por outro, como uma procura de mercados internacionais para a sua atividade de ilustrador. Além da oportunidade de contactar com outros ambientes, outras opiniões e contextos, com as correntes e forças da arte moderna, firmou contrato com as Limited Editions (Nova Iorque) e trabalhou como desenhador de ilustrações. Voltava com frequência a Portugal para recobrar alguma substância indispensável ao seu trabalho de pintura “livre”, que manteve sempre, independentemente das encomendas.
Conhecedor de muitas e variadas manifestações no âmbito visual e das artes plásticas, desde a pintura à fotografia, da ilustração à cerâmica, Lima de Freitas foi desde logo considerado um dos mais dotados da sua geração, distinguindo-se, a par disso, por um vasto curriculum intelectual, que se desenvolve paralelamente à carreira artística e que envolve as mais diversas atividades, nomeadamente a de ensaísta e investigador da problemática do imaginário na arte, sendo autor de vários artigos, recensões, ensaios e livros. Desde os anos 50, colabora amiúde com críticas de arte, crónicas e artigos em jornais e revistas como a Átomo, a Vértice, o República, o Diário Popular e a Revista de Artes Plásticas.
Exposições individuais (selecção)
1950 – Sociedade Harmonia, Évora.
Lisboa, SNBA.
1953 – Galeria António Carneiro, porto.
Galeria de Março, Lisboa.
1955 – Clube da Imprensa e do Livro, Varsóvia.
1960 – Galeria Divulgação, Porto.
Galeria Diário de Notícias, Lisboa.
Exposições colectivas (selecção)
1946 – Exposição privada, no atelier de João Abel Manta.
1949 – Exposição de Pintura Moderna organizada pela revista “Vértice”. Coimbra.
1950 – Exposição de Arte Moderna. Rio Seco, Biblioteca Ferreira de Castro.
1952 – Exposição de Gravura. Luanda. Museu de Angola.
Dez Artistas Modernos. Lisboa. Galeria de Março.
II Bienal de S. Paulo. S. Paulo.
1955 – Exposição Internacional de Arte Jovem. Varsóvia.