SOBRE:
Em 1920, na Amadora, nasce Artur Manuel Rodrigues do Cruzeiro Seixas que afirma não ser um pintor mas um homem que pinta.
Em 1945 fase expressionista-neo-realista.
Em 1947 primeiros «objectos».
Em 1948 toma parte na actividade dos surrealistas António Maria Lisboa, Mário Cesariny, Mário Henrique Leiria, Pedro Oom, Fernando José Francisco, Risques Pereira, Fernando Alves dos Santos, Carlos Eurico da Costa, Carlos Calvet e António Paulo Tomás.
Em 1949 e 1950 exposições de «Os Surrealistas». Atraído por África alista-se na marinha mercante – viagens à Índia e Extremo Oriente.
Em 1952 fixa-se em Angola. Percorre o «interior», formando colecção etnográfica. Primeiros poemas.
Em 1953 e 1959 exposições em Luanda que levantaram um dos maiores movimentos de opinião de que dão curioso testemunho os jornais da época, a primeira de desenhos sobre a evocação de Aimé Cesaire, e a segunda principalmente de «objectos» e «colagens», numa montagem que incluía todo o espaço de uma casa do século XVII em ruínas.
Em 1955 morre António Maria Lisboa; executa «Retrato Homenagem», incluído na edição de a «Verticalidade e a Chave».
Em 1960, interessado por museologia trabalha no Museu de Angola, criando aí um salão de pintura. De África diz, foi um amor inteiramente correspondido.
Em 1964, na impossibilidade de viver num clima de guerra colonialista, regressa à Europa.
Em 1968 bolsa de estudo da Fundação Caloust Gulbenkian – encontro de Goya e Gaudi.
Em 1967 breve retrospectiva na Galeria Bucholz, com folha volante de Pedro Oom e prefácio de Rui Mário Gonçalves. Com Cesariny expõe no Porto, na Galeria Divulgação.
Em 1970 e 1972 exposições individuais na Galeria São Mamede, com prefácios de Cesariny, de Laurens Vancrevel e de Herberto Helder.
Em 1973 publica-se o livro «Cruzeiro Seixas», por Mário Cesariny, da colecção Escritores e Artistas de Hoje.
Em 1975 na Galeria da Emenda expõe guaches de África (do período 1954/58), com a apresentação de Alberto Lacerda e de Hellmut Wohl. Para a manufactura de Portalegre executa cartões de tapeçarias. Juntamente com Samouco, Raúl Perez, Laurens Vancrevel, Paula Rego, Mário Botas, entre outros, realiza uma série de «cadavres-exquis» e «pinturas colectivas» que ocasionam uma exposição colectiva na Galeria Ottolini, para comemorar os cinquenta anos da Revolução Surrealista.
Em 1972, 1974 e 1976 figura em exposições colectivas em Paris, no Brasil, em Bruxelas, em Chicago, em Londres, em Madrid, na Alemanha e no México.
Em 1977 expõe em Amsterdão com Raúl Perez e Philip West.
Em 1985 é convidado por Artur Schwarz para a Bienal de Veneza, por razões alheias à sua vontade e à dos responsáveis pelo certame a sua presença não se verifica.
Em 1986 edita-se o livro de poemas de Cruzeiro Seixas «Eu Falo em Chamas», com apresentação de André Coyné. Publica-se um álbum referindo 230 obras de diversos autores, da colecção de Cruzeiro Seixas, adquiridas pela Fundação Cupertino de Miranda, de V. N. de Famalicão.
Em 1989 é-lhe atribuído o prémio SOCTIP «Artista do Ano», na sequência do qual é publicado o volumoso álbum profusamente ilustrado «Cruzeiro Seixas», sobre a sua vida e obra.
Em 1993 efectua doação ao Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro de uma considerável parte do acervo dos seus trabalhos bem como de documentação diversa. Visita Bordado, o «Palais Idéal» do Facteur Cheval e o Castelo de La Coste.
Em 1995, com desenhos à pena seus, organiza na Galeria São Mamede uma exposição de «Homenagem a Mário Henrique Leiria» prefaciada por Ernesto Sampaio, para financiar a publicação sem fins lucrativos de «Claridade dada pelo Tempo», «Climas Ortopédicos» e «Pas pour les Parents», inéditos que lhe deixa o autor aquando da sua morte.
Em 1999 doa a totalidade da sua colecção à Fundação Cupertino de Miranda, de V. N. de Famalicão, com vista à constituição do Centro de Estudos do Surrealismo e do Museu do Surrealismo.
Em 2000 edita-se o álbum «O que a Luz Oculta» com poemas e desenhos de Cruzeiro Seixas. Sob o título de «Retrato sem Rosto» poemas seus são reunidos em livro pelo Centro de Estudos do Surrealismo, da Fundação Cupertino de Miranda, em cuja sede em Vila Nova de Famalicão tem lugar uma enorme exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas, por ocasião do seu 80º aniversário, de que resulta o volumoso álbum biográfico «Cruzeiro Seixas», com 150 reproduções de trabalhos seus.
Em 2001 editam-se os livros de Cruzeiro Seixas «Viagem sem Regresso» de poemas e desenhos, paralelamente é feita uma edição de luxo, em formato de álbum acompanhado de serigrafia; «Galeria de Espejos – Galeria de Espelhos» livro de poemas prefaciados e traduzidos para castelhano por Perfecto E. Cuadrado; «Local Onde o Mar Naufragou» de desaforismos e serigrafias; na Galeria Sacramento, em Aveiro, tem lugar uma exposição conjunta com Eugenio Granell, de que resulta um vasto catálogo em forma de livro; na Fundación Eugenio Granell, em Santiago de Compostela, tem lugar uma grande exposição retrospectiva, sendo paralelamente publicado o livro biográfico «Cruzeiro Seixas», profusamente ilustrado e com textos em galego, português, castelhano e inglês.
Em 2002 o Museu do Chiado, em Coimbra, organiza uma exposição com trabalhos de Cruzeiro Seixas pertencentes a coleccionadores locais. É editado o livro de poesia «Artur do Cruzeiro Seixas – Obra Poética vol. I».
Em 2003 no Centro de Arte e Espectáculos da Figueira da Foz, tem lugar uma grande exposição retrospectiva da obra de Cruzeiro Seixas. Na Galeria Municipal Artur Bual, na Amadora, realiza-se uma exposição retrospectiva e de homenagem a Cruzeiro Seixas. Conjuntamente com Raúl Perez expõe na Galeria São Mamede.
2005: “Fauna, Flora e Arte”, exposição de inauguração da Galeria São Mamede do Porto.
2008: “Obra plástica”, exposição retrospectiva, Gal Vieira da Silva, Câmara Municipal Loures. “Isto não é uma exposição de arte”, Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso
2009: “O Infinito Segredo”, Galeria São Mamede, Lisboa e Porto.
Tapeçaria e Desenho, Reitoria da Universidade de Lisbo.a Em 2009 participa no documentário “Cruzeiro Seixas – O Vício da Liberdade”,
da autoria de Alberto Serra e Ricardo Espírito Santo, exibido pela RTP 2 em Fevereiro de 2010.
Executa ilustrações para diversos livros como «A Afixação Proibida» de António Maria Lisboa, «A Cidade Queimada» e «Titânia» de Mário Cesariny, «Antologia Erótica e Satírica» de Natália Correia, «Kunst en Anarchie» de Edgar Wind (Holanda), «Casos de Direito Galáctico» de Mário Henrique Leiria, «História Trágico Marítimo» e «Mulher de Luto» de Gomes Leal ou «Le Livre du Tigre» de Isabel Meyrelles.
Participa em várias mostras colectivas como em 1979 «Presencia Viva de Wolfgang Paalen» no Museu do México (cidade do México); em 1984 «Le Surréalisme Portugais» organizada por Moura Sobral, no Canadá (Montreal); em 1994 «O Rosto da Máscara» no Centro Cultural de Belém (Lisboa), «Surrealismo ou Não» na Galeria São Mamede (Lisboa) e de tapeçarias de Portalegre com Eugenio Granell na galeria desta manufactura em Lisboa; em 1997 «Le Surréalisme et l’Amour» no Pavillon des Artes, em França (Paris); em 1998 «O que há de Português na Arte Moderna Portuguesa» no Palácio Foz (Lisboa); em 1999 «Desenhos de Surrealistas em Portugal» no Museu Nacional Soares dos Reis (Porto) e “Confrontos” com Carlos Calvet e Manuel Moura na livraria Ler Devagar (Lisboa); em 2000 «Le Mouvement Phases de 1952 à l’horizon 2000» em França, exposição itinerante, «Neo-realismo Versus Surrealismo», na Galeria Municipal de Vila Franca de Xira (Póvoa de Sta. Iria) e «Parenté n’est pas hériditaire (Surréalisme et Liberté)» na República Checa, exposição itinerante; em 2001 «Surrealismo em Portugal 1934-1952» no Museo Extremeño Iberoamericano de Arte Contemporáneo, em Espanha (Badajoz), posteriormente no Museu do Chiado, em Lisboa e na Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, ou «Os passos lado a lado» no Hospital Júlio de Matos, em conjunto com três artistas utentes deste estabelecimento de saúde mental.
Entre 1968 e 1974 dirige a Galeria São Mamede e de 1976 a 1983 a Galeria da Junta de Turismo do Estoril, bem como entre 1985 e 1988 a Galeria de Vilamoura, no Algarve.
Realizou cenários para a Companhia Nacional de Bailado e para a Companhia de Bailado de Gulbenkian.
Colabora nas revistas surrealistas francesa «Phases», holandesa «Brumes Blondes» e na canadiana «La Turtue-Lièvre»
Nos últimos anos galerias como a Gilde (Guimarães), SOCTIP (Lisboa), Constância (Constância), Presença (Porto), Neupergama (Torres Novas), S. Bento (Lisboa), Almadarte (Costa da Caparica), Funchália (Funchal), São Mamede (Lisboa), Adjectivo (Santarém), Lumière Noir (Montreal – Canadá) ou ArteManifesto (Porto) realizaram exposições individuais suas.
A partir de trabalhos de Cruzeiro Seixas, os escultores Alberto Trindade e Bruno Trindade têm vindo a executar diversas esculturas.
Redige prefácios diversos, dos quais se cita para as exposições de Cesariny em 1969, de Raúl Perez em 1981, de Philip West em 1988 e de Eugenio Granell em 1996.
Bibliografia breve: «A Intervenção Surrealista», de Mário Cesariny, em 1954; «Cruzeiro Seixas por Mário Cesariny», em 1967; «A Fala» (Brasil), em 1967; «La Parola Interdeta – Poeti Surrealisti Pottoghesi» de Antonio Tabucchi, em 1971; «O Surrealismo na Poesia Portuguesa» de Natália Correia, em 1975; «Dictionaire Géneral du Surrealisme et ses Environs» (Office du Livre, França), em 1982; «A Arte Portuguesa do Século XX» (CD ROM), em 1998; «Dados» desenhos e poemas de Eugenio Granell e Cruzeiro Seixas (Menú-Quadernos de Poesia, Cuenca – Espanha), em 1998; «Histoire du Mouvement Surréaliste» de Gerard Duroye; «You are Welcome to Elsinore» de Perfecto Cuadrado (Mallorca – Espanha); «The Imagery of Surrealism» de J. H. Matthews; «Le Surrealisme» (Dictionaire de Poche, França) de José Pierre; etc..
Dedicam-lhe poemas Mário Cesariny, Herberto Helder, Alfredo Margarido, Mário Botas, Franklin Rosemont, José Pierre, Juan Carlos Valera, Bernardo Pinto de Almeida, Albano Martins, António Barahona, entre outros.
Encontra-se representado em diversas colecções privadas e em instituições como o Museu do Chiado (Lisboa), Centro de Arte Moderna da Fundação Caloust Gulbenkian, Biblioteca Nacional, Biblioteca de Tomar, Fundação Cupertino de Miranda (V. N. de Famalicão), Museu Machado de Castro (Coimbra), Fundação António Prates, (Ponte de Sor), Fundación Eugenio Granell (Galiza), ou o Museu de Castelo Branco.